Cidades
Publicado em 03/04/2025, às 08h10 De acordo com a Semurb, ao menos oito vezes por ano ocorrerão marés com potencial para causar retenção de água. - Foto: Anderson Régis Redação
O acúmulo de água registrado na nova faixa de areia da Praia de Ponta Negra, em Natal, nos últimos dias, faz parte do comportamento esperado para a região, segundo a Prefeitura do Natal. O fenômeno ocorreu devido às altas marés e chuvas registradas no litoral potiguar. Mesmo com a implantação dos projetos de drenagem e o funcionamento dos dissipadores desde o final de fevereiro, a previsão é de que esses alagamentos continuem acontecendo pelo menos oito vezes ao ano em condições semelhantes.
No último fim de semana, mesmo sem chuvas significativas na capital, foram observados pontos de acúmulo de água na região da engorda da praia. A Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) e a Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) atribuíram o fato às marés altas, que alcançaram 2,3 metros nos horários de pico, por volta das 4h e 16h, conforme dados da Marinha do Brasil. O coeficiente de maré atingiu 114, uma classificação considerada muito alta, favorecendo a formação de ondas maiores e correntezas intensas.
Em entrevista à Tribuna do Norte, o secretário de Infraestrutura, Thiago Mesquita, reforçou que a retenção de água é um fenômeno normal e previsto. "Tivemos nesse fim de semana marés altas que atingiram todo o litoral, e isso deve ocorrer cerca de oito vezes por ano. Essa é uma adaptação do aterro que irá suavizar o talude de 3,05 metros, tornando o banho mais seguro. Se não tivéssemos a engorda, Ponta Negra teria sofrido um grande desastre. A obra está cumprindo seu papel ao evitar a erosão da linha de costa", afirmou.
Ainda segundo Mesquita, a retenção de água ocorre de maneira similar à formação de lâminas d'água em épocas de chuva. "O talude tem uma cota mais alta, formando uma barreira natural que retém a água, permitindo sua infiltração. No final da engorda, a cota é mais baixa, o que explica o acúmulo de água na área", explicou. A engorda apresenta variações de altura ao longo da orla, iniciando em 3,05 metros no sentido norte (Via Costeira), reduzindo para 2,90 metros na região central e terminando em 2,75 metros no Morro do Careca.
Os dissipadores, implantados para minimizar os impactos da ressaca e das marés, estão em funcionamento desde o dia 28 de fevereiro, ainda que não tenham sido completamente concluídos. Recentemente, foram finalizadas as lajes superiores desses equipamentos e refeitos os enrocamentos ao seu redor.
A nova configuração da Praia de Ponta Negra tem gerado opiniões divergentes entre moradores, turistas e comerciantes. Os trabalhadores da praia relatam impacto negativo no movimento de turistas. Paula Fernandes, cozinheira que atua há décadas na região, afirma que a nova dinâmica do banho de mar tem afastado visitantes. "Os clientes diminuíram porque as pessoas não querem vir tomar banho na praia. Mesmo com chuva, na baixa estação, ainda conseguíamos trabalhar", lamentou.
Polêmica e Repercussão
O projeto de engorda de Ponta Negra segue sendo monitorado pelas autoridades para avaliar os impactos e possíveis ajustes necessários diante das condições climáticas e oceanográficas da região.
O vereador de Natal, Daniel Valença (PT), criticou o ex-prefeito Álvaro Dias (Republicanos) durante sessão da Câmara Municipal na última quarta-feira (2), ao comentar um vídeo em que o ex-prefeito aparece na praia de Ponta negra, comparando a praia com Miami Beach, nos Estados Unidos. Para o parlamentar, o vídeo é um desrespeito com os problemas enfrentados pela população local.
“Ele está passeando em Miami, fazendo vídeo na praia, enquanto os pescadores de Ponta Negra são ameaçados com multa por colocar suas jangadas na areia. A engorda gerou caos econômico e social no turismo, e a Prefeitura finge que não é com ela”, criticou.
Veja o vídeo: Álvaro Dias compara engorda de Ponta Negra com a de Miami Beach