Política
Publicado em 25/04/2025, às 08h55 Familiares de presos pelos atos antidemocráticos também consideram greve de fome como forma de protesto pela anistia. - Agência Brasil Dani Oliveira
Deputados federais do Partido Liberal (PL) e aliados bolsonaristas de outras siglas decidiram reagir contra a escolha do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de não levar à votação o pedido de urgência do projeto de lei que busca anistiar os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.
Entre as formas de protesto cogitadas estão a obstrução total dos trabalhos legislativos e até uma possível greve de fome. O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcanti, afirma já ter reunido 264 assinaturas em apoio ao requerimento de urgência.
Os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro acusam Hugo Motta de “traição” por não cumprir o que dizem ser um acordo prévio de pautar a proposta de anistia em troca de apoio à sua eleição para a presidência da Casa.
Após uma reunião com os líderes partidários, Hugo Motta declarou que, por enquanto, a proposta não será levada ao plenário. O principal argumento apresentado é que o tema pode gerar divisões entre os deputados e criar uma nova crise institucional com o Supremo Tribunal Federal. Como alternativa, está sendo considerada a redação de um novo texto que reduza as penas para quem participou dos atos de vandalismo, mas mantenha punições mais duras para mandantes e financiadores — algo que, segundo apontam, não está devidamente claro na versão atual do projeto.
A greve de fome, inclusive, também é cogitada por familiares dos presos pelos atos antidemocráticos, que envolveram depredação de prédios públicos e pedidos de intervenção militar na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
A ideia tem como inspiração o gesto do deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ), que recorreu à greve de fome após o Conselho de Ética da Câmara aprovar um pedido de cassação contra ele. O parlamentar declarou que permaneceria em jejum até a conclusão do processo, mas decidiu encerrar a greve oito dias depois, após chegar a um acordo com Hugo Motta para que a tramitação ficasse suspensa por 60 dias.
O pedido de cassação foi apresentado pelo partido Novo, que o acusa de quebra de decoro parlamentar, após ele expulsar do prédio da Câmara um militante do Movimento Brasil Livre (MBL). O episódio aconteceu durante uma discussão em que o militante teria feito referência à mãe do deputado, que enfrentava problemas graves de saúde e faleceu dias depois.
O Psol protocolou um recurso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), questionando o relatório aprovado pelo Conselho de Ética.
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