Aeroclube tem poucas semanas para desocupar espaço exigido pelo Governo do RN. “Se tiver que sair, significa a extinção do clube”; diz presidente

A polêmica é antiga, mas o prazo para resolução é novo; o Aeroclube do Rio Grande do Norte tem até o próximo dia 25 de maio para desocupar o espaço de sua sede social. A determinação, já com notificação administrativa expedida, é do Governo do Estado do RN, que coloca como prioridade a questão para execução de estratégias urbanísticas no local.

O clube, que tem história entrelaçada com o desenvolvimento da capital do estado, tem hoje 320 sócios, entre efetivos, que podem ter acesso total às áreas e atividades, com mensalidade de R$400,00 por mês, e sócios contribuintes, que podem ter acesso aos espaços para aulas durante a semana e somente acesso livre nos finais de semana, com mensalidade de R$ 269,00. São ao todo 27 funcionários, contando com terceirizados; caso dos professores de esportes, por exemplo.

Conclave

Como funciona o conclave, ritual que vai escolher o novo papa; confira detalhes

Educação

Aprendizagem na educação básica ainda não retomou níveis pré-pandemia

O terreno, localizado no coração do bairro Tirol, um dos mais bem localizados de Natal, tem 38 mil metros quadrados e abriga uma estrutura completa para práticas esportivas; são oito quadras de tênis, 12 quadras de esportes de areia, para beach tênis e vôlei, 1 quadra poliesportiva, 1 piscina, 1 sala de judô, 2 campos de futebol socity, e salas para aulas, como as que eram dadas antes da pandemia, com curso de aviação.

Os atletas que competem no maior evento esportivo do estado, JERNs (Jogos Escolares do RN) e Jerninhos, treinam na estrututa do Aeroclube; assim como parte do corpo do Corpo de Bombeiros que utiliza o campo de futebol para partidas e condicionamento físico.

De acordo com o presidente do Aeroclube, Jaomar Vidal, eleito no mês de agosto de 2024, a entidade não tem para onde ir, caso a notificação administrativa do Governo seja cumprida.

O Aeroclube não tem pra onde ir, essa é a verdade. Não existe um outro terreno, não existe uma outra sede, não existe lugar nenhum pra sediar. Se o aeroclube tiver que sair daí, significa a extinção do clube”, lamenta.

Mesmo tendo poucas semanas para esgotar o prazo de desocupação, o presidente acredita que ainda há muito o que acontecer neste caso, justamente porque, segundo ele, não há, absolutamente, nenhuma condição disso ocorrer em um período tão curto. “Temos muitos materiais esportivos, dois aviões aí, um almoxarifado lotado com documentos acumulados durante quase cem anos... E não temos pra onde levar tudo isso. Na prática, essa desocupação é inviável”, pondera Vidal.

Sócios tentam reverter decisão

A comoção por parte dos sócios também transmite o sentimento de impotência da direção do Clube. Alguns sócios, advogados em áreas distintas do direito, se uniram para ajudar nas negociações com o estado.

“Não contratamos advogados, os próprios sócios tomaram à frente e estão empenhados em contribuir para defender o Clube; um movimento legitimo e bonito de se ver”, revela o presidente.

O médico ortopedista, André Marques é um dos sócios que adoram frequentar o Aeroclube, joga tênis há anos e diz que será uma perda enorme para a cidade, caso haja a desocupação exigida pelo Governo do RN. “O papel do Aeroclube é fundamental para a cidade, não só pelo contexto histórico e tradicional, mas principalmente social. O clube tem parceria, por exemplo, com a Confederação Brasileira de Clubes e oferece treinamento para 150 atletas para formação; jovens, de 14 a 21 anos, que poderiam estar nas ruas mas estão recebendo capacitação profissional para vôlei de areia e basquete”, explica o sócio André Marques, médico que treina tênis há anos no clube.

Governo irredutível

O secretário de administração do estado, Pedro Lopes diz que o Governo está seguindo em frente e que “caso a notificação de desocupação não seja cumprida a Procuradoria Geral do Estado tomará as medidas cabíveis para retomar a posse do imóvel”.

A posse do terreno é alvo de disputa judicial entre o clube e o estado desde 2004. A decisão mais recente determinou a reintegração de posse ao governo, no ano de 2017. As atividades do Aeroclube chegaram a ser suspensas, funcionando apenas com as aulas de tênis e beach tênis.
Na época, a intensão do poder público era transferir para o local a estrutura da Secretaria de Esportes e Lazer e parte da Secretaria de Educação.

Aeroclube do RN foi fundado há 97 anos

O Aeroclube do Rio Grande do Norte tem registro de fundação em 11 de fevereiro de 1928; com sede própria inaugurada no dia 29 de dezembro de 1928, localizada na avenida nominada atualmente como Hermes da Fonseca, no bairro do Tirol.

O momento histórico da festa de inauguração contou com membros da sociedade potiguar, representantes dos governos estaduais e do ministro da viação. O ponto auge, após o discurso do presidente do estado e primeiro presidente do Aeroclube, Juvenal Lamartine de Faria, foi a assinatura da ata de fundação por parte dos sócios fundadores e autoridades representadas. A área da sede social do clube pertencia ao ex-governador Alberto Maranhão, que cedera, por quantia simbólica, a pedido do governador Juvenal Lamartine.