Cidades

Desinformação sobre autismo aumentou nos últimos anos em aplicativo de mensagens

Dados mostram que integrantes de comunidades do Telegram compartilharam desinformação sobre o transtorno - Valter Campanato/Agência Brasil
Pesquisa revela que as publicações com informações erradas sobre o autismo cresceram exponencialmente dentro de comunidades conspiratórias  |   BNews Natal - Divulgação Dados mostram que integrantes de comunidades do Telegram compartilharam desinformação sobre o transtorno - Valter Campanato/Agência Brasil

Publicado em 08/04/2025, às 18h24   Júnior Teixeira



O volume de desinformação sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) nas comunidades do Telegram na América Latina e Caribe aumentou mais de 150 vezes nos últimos seis anos, com um crescimento ainda mais expressivo durante os primeiros anos da pandemia de Covid-19, quando atingiu um pico de 635%.

Esses dados fazem parte do estudo Desinformação sobre Autismo na América Latina e no Caribe, conduzido pelo Laboratório de Estudos sobre Desordem Informacional e Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas, em parceria com a Associação Nacional para Inclusão das Pessoas Autistas (Autistas Brasil).

A pesquisa revela que as publicações com informações erradas sobre o autismo cresceram exponencialmente dentro de comunidades conspiratórias. Em janeiro de 2019, o número de postagens mensais sobre o tema era de apenas quatro, subindo para 35 em janeiro de 2020 e chegando a 611 postagens mensais em janeiro de 2025, um aumento impressionante de 15.000%.

O estudo analisou mais de 58 milhões de publicações feitas entre 2015 e 2025 em 1.659 grupos conspiratórios sobre o autismo em 19 países da região. Essas comunidades, com mais de 5 milhões de usuários, estão frequentemente associadas a movimentos antivacina, de negacionismo climático e até teorias da Terra plana.

Para Ergon Cugler, coordenador da pesquisa e pesquisador do DesinfoPop/FGV, a pandemia de Covid-19 foi um divisor de águas no comportamento digital e na propagação da desinformação, criando um terreno fértil para a disseminação de teorias perigosas sobre o autismo.

De acordo com o estudo, quase 47,3 mil mensagens nesses grupos contêm informações incorretas ou enganosas sobre o Transtorno do Espectro Autista. O Brasil, especificamente, concentrou quase metade do conteúdo conspiratório sobre o tema nas comunidades do Telegram durante o período analisado. As publicações apontam várias causas erradas para o autismo, como radiação das redes 5G e vacinas. 

Além disso, o estudo identificou mais de 150 falsas curas para o autismo, com algumas dessas práticas envolvendo o uso de produtos sem comprovação científica e potencialmente perigosos. 

Classificação Indicativa: Livre

Facebook Twitter WhatsApp