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Publicado em 08/04/2025, às 10h10 Redação
O Rio Grande do Norte registrou a segunda pior taxa de alfabetização entre alunos do 2º ano do Ensino Fundamental no Brasil, segundo dados da avaliação amostral do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2023. Apenas 25,9% das crianças potiguares foram consideradas alfabetizadas, com margem de erro de 5,8 pontos percentuais. A taxa é inferior à média nacional, de 49,3%, e fica à frente apenas do Tocantins (24,3%).
A pesquisa foi aplicada em 27 escolas, 38 turmas e 674 alunos no estado. A taxa de participação do RN na avaliação censitária foi de 78,55%, abaixo do mínimo considerado positivo pelo Inep, de 80%.
A Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e do Lazer (SEEC-RN) afirmou, por meio de nota, que a alfabetização é uma prioridade, mas destacou que a maior parte da responsabilidade pelo Ensino Fundamental – Anos Iniciais é dos municípios. Segundo a pasta, 84,4% dos alunos dessa etapa estão na rede municipal; 15,5%, na rede estadual; e 0,1%, na federal. A União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação do RN (Undime/RN) não respondeu até o fechamento da edição.
Especialistas apontam que os baixos índices estão ligados à desigualdade regional e à precariedade da estrutura física das escolas. “A parte dos estados do Nordeste vai cair com essa marca negativa. O Nordeste enfrenta desafios muito significativos quando se trata da estrutura educacional, desde a formação dos professores até o investimento público e a aprendizagem”, afirmou Gustavo dos Santos Fernandes, mestre em Educação e especialista em Gestão Escolar.
Ele também citou problemas de infraestrutura: “Essa estrutura física, de maneira geral, afeta muito esse resultado. Muitas escolas têm salas pequenas, que não comportam a quantidade de alunos, e há uma grande dificuldade no suporte às crianças com deficiência. A desnutrição também é um fator marcante, porque afeta o desenvolvimento cognitivo. Muitas vezes, essas crianças chegam nas escolas com fome”.
A desvalorização dos professores é outro ponto sensível. “O professor desmotivado, que não tem seu salário pago de forma adequada conforme a lei do piso, não está motivado para preparar esse aluno. Quando o piso não é discutido ou implantado, o que o professor faz é greve. E quando não tem aula, o aluno não aprende”, destacou.
Para reverter o cenário, Gustavo defende investimento na formação continuada dos docentes, com foco nas diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), além de melhorias na infraestrutura escolar.
Entre os estados com os melhores índices de alfabetização estão Ceará (72,1%), Espírito Santo (63,7%), Minas Gerais (63,0%), Rio Grande do Sul (62,4%) e Santa Catarina (61,8%).
Em nota, o Governo do RN informou que mantém ações para melhorar os índices, como o Pró-Alfa RN — Política Territorial de Alfabetização de Crianças —, que segue as diretrizes do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada (CNCA), do Governo Federal, em parceria com Undime-RN e MEC. A iniciativa busca garantir a alfabetização até o 2º ano e corrigir defasagens até o 5º ano. A SEEC reforçou que o sucesso da política depende do esforço conjunto entre estado, municípios, escolas e famílias, e reafirmou o compromisso de que “nenhuma criança potiguar fique para trás”.
Informações: Tribuna do Norte
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