Polícia

CGU alertou em 2024, mas INSS ignorou: entenda a fraude que abalou a Previdência

A investigação está sendo realizada pela Polícia Federal em parceria com a CGU - Reprodução/Internet
O esquema contou com a conivência de servidores do próprio INSS, que recebiam propina para facilitar o acesso aos dados dos beneficiários  |   BNews Natal - Divulgação A investigação está sendo realizada pela Polícia Federal em parceria com a CGU - Reprodução/Internet

Publicado em 29/04/2025, às 14h10   Redação



Uma investigação da Polícia Federal (PF), em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU), revelou um esquema bilionário de fraudes envolvendo aposentadorias e pensões pagas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A estimativa é que o prejuízo aos cofres públicos possa chegar a R$ 6,3 bilhões entre os anos de 2019 e 2024.

Segundo os investigadores, associações supostamente voltadas ao atendimento de aposentados cadastravam beneficiários sem consentimento, utilizando assinaturas falsas para autorizar o desconto de mensalidades diretamente na folha de pagamento do INSS. Em muitos casos, os aposentados sequer tinham conhecimento de que haviam sido "associados".

Alerta de Golpe: Mensagens falsas prometem devolver dinheiro descontado do INSS

O esquema contou com a conivência de servidores do próprio INSS, que recebiam propina para facilitar o acesso aos dados dos beneficiários e permitir a inserção dos descontos de forma irregular.

Cúpula do INSS envolvida

A operação resultou na prisão de seis suspeitos ligados às entidades investigadas e no afastamento de cinco integrantes da alta cúpula do INSS, incluindo o agora ex-presidente Alessandro Stefanutto. Também foram afastados:

Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, procurador-geral do INSS;

Giovani Batista Fassarella Spiecker, coordenador-geral de Suporte ao Atendimento ao Cliente;

Vanderlei Barbosa dos Santos, diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão;

Jacimar Fonseca da Silva, coordenador-geral de Pagamentos e Benefícios.

Um policial federal também está entre os investigados, mas seu nome não foi divulgado.

O "Careca do INSS"

Entre os principais articuladores da fraude está o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS". Ele é apontado como elo entre as entidades fraudulentas e os servidores corrompidos.

De acordo com a PF, Antunes movimentou cerca de R$ 24,5 milhões em cinco meses e usava empresas e associações de fachada para lavar o dinheiro. Ele ainda teria repassado valores a familiares de integrantes da cúpula do INSS e ex-dirigentes do órgão.

Associações fictícias e viagens de luxo

A investigação identificou pelo menos 11 entidades suspeitas de viabilizar os descontos indevidos. Algumas delas operavam no mesmo endereço, como duas associações sediadas em Fortaleza (CE), que chegaram a compartilhar a mesma dirigente: Cecília Rodrigues Mota, que realizou 33 viagens em menos de um ano — algumas delas para destinos internacionais como Dubai, Paris e Lisboa.

Escalada nas perdas

A liberação indiscriminada de descontos a partir de 2023 fez o volume de desvios explodir:

  • 1º semestre de 2023: R$ 639 milhões;

  • 2º semestre de 2023: R$ 1 bilhão;

  • 1º semestre de 2024: R$ 1,63 bilhão.

Mesmo após alerta da CGU em julho de 2024, o INSS não suspendeu os repasses a entidades suspeitas até que a PF deflagrasse a operação.

Governo reage após denúncias

Após a revelação do escândalo, o governo federal suspendeu todos os descontos associativos e anunciou que os valores cobrados indevidamente serão devolvidos aos aposentados. O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, admitiu que foi alertado em 2023 sobre o aumento dos descontos sem autorização, mas só iniciou apurações quase um ano depois. Ele negou omissão, mas reconheceu a demora.

Com informações do G1. 

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