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Publicado em 22/04/2025, às 15h29 A interrupção no uso de medicamentos como o Clobazam pode provocar convulsões frequentes e agravar o quadro clínico dos pacientes - Elza Fiúza/Agência Brasil Júnior Teixeira
Milhares de brasileiros com epilepsia enfrentam dificuldades para encontrar um dos principais medicamentos usados no controle da doença: o Clobazam, vendido sob os nomes comerciais Frisium e Urbanil. A interrupção no uso de medicamentos como o Clobazam pode provocar convulsões frequentes e agravar o quadro clínico dos pacientes.
Em Natal a situação não é diferente. O medicamento também está em falta na capital potiguar, entretanto, a licitação para obtê-lo já foi realizada pela Unidade Central de Agentes Terapêuticos (UNICAT). Procurada pela equipe do BNews Natal, a assessoria da Secretaria de Saúde Pública do RN informou que enfrenta dificuldades de abastecimento.
Confira o pronunciamento:
Com relação a este medicamento [Clobazam], a Unicat esclarece que desde o segundo semestre de 2024 há dificuldades de abastecimento por parte do mercado farmacêutico, tendo a própria empresa responsável pela fabricação informado à Anvisa sobre a descontinuidade na fabricação e, em fevereiro deste ano, transferido o registro do medicamento para outra companhia farmacêutica.
A Unicat já realizou um processo licitatório, que foi fracassado por falta de oferta, e atualmente está com um novo processo de compra em curso, que ainda não tem perspectiva de finalização.
Crise no abastecimento da medicação
De acordo com dados do Ministério da Saúde, aproximadamente 2 milhões de brasileiros vivem com epilepsia (sendo vários tipos), uma condição neurológica crônica que exige tratamento contínuo e rigoroso.
O país está passando por uma crise em relação ao abastecimento da medicação, que começou em 28 de outubro de 2024. Na data em questão, a Sanofi Medley Farmacêutica anunciou o desabastecimento temporário do Frisium e Urbanil. Foi informado pela empresa que a produção do medicamento seria transferida para a Opella, outra companhia do grupo Sanofi. As informações são do UOL.
Segundo a Associação Brasileira de Epilepsia ABE, a expectativa era de que o abastecimento fosse normalizado até o mês de fevereiro de 2025. Em janeiro, foi informado pela própria Sanofi que o princípio ativo do Clobazam já estava no Brasil. Com isso, a produção havia sido retomada, sendo liberado um estoque emergencial. No entanto, o medicamento voltou a desaparecer das prateleiras em fevereiro.
Em 27 de fevereiro de 2025, a Sanofi publicou um comunicado oficial anunciando a transferência dos registros dos medicamentos Clobazam (Frisium e Urbanil) e também do Fenobarbital (Gardenal) para a farmacêutica Pharlab, com a distribuição assumida pela empresa Moksha8 (M8).
Mesmo com o pronunciamento da Sanofi informando que os registros do Clobazam tinham sido transferidos para outra farmacêutica, os pacientes que necessitam da medicação continuam encontrando dificuldades para obter o Frisium e o Urbanil.
O Clobazam pode ser encontrado tanto no SUS quanto em farmácias convencionais, mas a escassez atinge todas as frentes. Por ser um medicamento controlado, sua prescrição exige a chamada receita azul, emitida por profissionais habilitados e com controle rígido de emissão e uso.