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Irmão de Lula que dirige sindicato alvo da PF espera que investigações avancem para esclarecer “toda a sacanagem que tem”

A operação investiga 11 entidades que firmaram acordos com o INSS, com descontos irregulares que somam R$ 7,99 bilhões, afetando aposentados  |  Frei Chico, vice-presidente do Sindnapi e irmão de Lula, afirma que o sindicato não cometeu irregularidades e espera esclarecimentos das investigações. - Divulgação

Publicado em 24/04/2025, às 09h10   Frei Chico, vice-presidente do Sindnapi e irmão de Lula, afirma que o sindicato não cometeu irregularidades e espera esclarecimentos das investigações. - Divulgação   Dani Oliveira

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (23) a Operação Sem Desconto, que investiga um esquema bilionário de fraudes em descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas. Entre as entidades visadas está o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), cujo vice-presidente é José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Frei Chico afirmou esperar que as investigações da PF avancem para esclarecer “toda a sacanagem que tem” no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mas garantiu que o Sindnapi não cometeu irregularidades. “Nosso sindicato já foi investigado, já foi feita auditoria e essas coisas. Estamos tranquilos”, declarou.

Filiado ao Sindnapi desde 2008, Frei Chico integra a atual diretoria da entidade desde o ano passado. No organograma do sindicato, é o segundo nome mais importante, atrás apenas do diretor-presidente Milton Baptista de Souza Filho, conhecido como “Milton Cavalo”, que também negou qualquer ação de busca e apreensão contra o sindicato.

A operação investiga ao todo 11 entidades que, segundo a PF, firmaram Acordos de Cooperação Técnica (ACT) com o INSS para descontar mensalidades diretamente na folha de pagamento dos beneficiários — muitas vezes sem o consentimento deles ou com a falsa ideia de que se tratava de cobrança obrigatória.

De acordo com a PF e a Controladoria-Geral da União (CGU), os descontos somam cerca de R$ 7,99 bilhões, sendo quase todos classificados como irregulares. A CGU entrevistou 1,3 mil beneficiários e a maioria declarou não ter autorizado os descontos ou ter acreditado que eram obrigatórios.

Além do Sindnapi, outras dez entidades são investigadas: Contag, Ambec, Conafer, AAPB, AAPPS Universo, Unaspub, APDAP Prev (antiga Acolher), ABCB/Amar Brasil, CAAP e AAPEN (antiga ABSP). As datas de entrada dos acordos com o INSS variam de 1994 a 2023.

Após o avanço da operação, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi afastado do cargo. Segundo apurou a Coluna do Estadão, Stefanutto pediu demissão após uma determinação do presidente Lula. Também foi afastado um policial federal envolvido nas apurações, cuja identidade não foi revelada.

O Sindnapi divulgou duas notas após a operação, uma delas em defesa de Frei Chico, exaltando sua trajetória no sindicalismo desde os anos 1960 e seu papel na luta contra a ditadura militar.

A investigação segue em andamento, e a PF ainda não concluiu a apuração sobre o grau de envolvimento de cada entidade. Enquanto isso, lideranças sindicais afirmam estar colaborando e aguardam que a operação contribua para limpar o sistema de práticas irregulares que prejudicam aposentados em todo o país.

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